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03/08/2017
A Neuropatia Diabética (ND) é definida como a “presença de sintomas e ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com diabetes mellitus (DM), após a exclusão de outras causas*”, conforme descrito nas Diretrizes para o Diagnóstico e Abordagem Ambulatorial da Neuropatia Diabética Periférica.
Complicações neurológicas relacionadas ao DM são muito comuns e o comprometimento do sistema nervoso periférico pode ocorrer em até 50% dos pacientes.
O principal fator de risco é a hiperglicemia: mesmo alterações mínimas, como as observadas nos quadros de intolerância à glicose (pré-DM), podem provocar danos nas fibras nervosas e provocar sintomas importantes. Tabagismo, dislipidemia, microalbuminúria parecem contribuir para o surgimento da doença. Outros fatores de risco não modificáveis são: idade, altura e duração da doença; motivos pelos quais a polineuropatia diabética ser mais frequente nos homens (quanto mais altos, maior o comprimento do nervo e maior a chance de lesão), idosos e com longa duração da doença.
O tipo mais comum de manifestação da neuropatia diabética é a polineuropatia diabética clássica (PND):
Ocorre em até 90% dos casos, com sintomas sensitivos positivos (dor, queimor e formigamento) e negativos (dormência e perda da sensibilidade tátil e dolorosa) das extremidades inferiores, seguido por fraqueza muscular distal, lentamente progressiva. Os achados eletroneuromiográficos são compatíveis com uma polineuropatia sensitivo-motora axonal e simétrica, com padrão comprimento-dependente.
Outras apresentações clínicas menos comuns são:
• Polineuropatia de fibras finas: sintomas sensitivos positivos (dor intensa, em queimação), pior ao repouso e durante à noite. Presente em até 11-13% dos casos de intolerância à glicose (pré-diabetes mellitus).
• Polineuropatiaautonômica: geralmente ocorre após o comprometimento clássico da PND, com sintomas de gastroparesia (empachamento, sensação de repleção abdominal), sintomas genito-urinários (impotência sexual) e cardíacos (hipotensão postural: queda abrupta da pressão arterial ao se levantar; tonturas).
• Neuropatia dolorosa aguda: dor intensa, perda de peso acentuada, com alterações sensitivo-motoras leves.
• Focais e multifocais: Cranianas, tóraco-abdominais, compressivas (síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel cubital, síndrome do túnel do tarso), amiotrofia proximal diabética, entre outras.
• E por fim, uma polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica (PIDC).
Quanto mais precoce o diagnóstico da polineuropatia diabética, melhor será a resposta às medidas terapêuticas instituídas:
1) Controle rigoroso do perfil glicêmico (medicamentos, insulina, dieta e atividade física) e dos outros fatores de risco cardiovasculares (tabagismo, dislipidemia, obesidade);
2) Ácido Tiótico: reduz o estresse oxidativo, com alívio de sintomas positivos e déficits neuropáticos;
3) Tratamento sintomático da dor neuropática: uma série de medicamentos que podem ser usados de acordo com o perfil do paciente e sua tolerância:
• Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, nortriptilina);
• Inibidores da recaptação da serotonina e norepinefrina (duloxetina);
• Antagonistas de Canais de Cálcio (gabapentina, pregabalina);
• Opióides (tramadol, oxicodona);
• Tópico (capsaicina).
*OUTRAS CAUSAS que podem ser confundidas com uma polineuropatia diabética ou pioradas por um estado metabólico hiperglicêmico:
• Doenças infecciosas: hepatite, HIV, hanseníase;
• Deficiência de vitaminas: B1, B6, B12;
• Abuso de certos medicamentos;
• Abuso de álcool;
• Certos tipos de tumores.
Autoria: Dr. Jean de Oliveira Ramos